A vida como ela é: um estudo sobre o processo da invisibilidade social no trabalho das trabalhadoras e dos trabalhadores da higienização

Autores

  • Marcos Antonio Klazura
  • Solange Fernandes

Resumo

Resumo

O presente artigo tem a finalidade de propor uma reflexão sobre a invisibilidade social de quem trabalha em atividades de higienização. A produção teórica baseou-se no conceito de trabalho enquanto mercadoria no sistema capitalista, bem como no processo de terceirização do trabalho. Identificou-se o processo de desvalorização, estigmatização, subalternização e coisificação dessa categoria de trabalhadores, fatores determinantes para a concretização desse estudo. Realizou-se uma pesquisa de campo por meio de entrevistas com trabalhadoras/es da higienização de uma empresa terceirizada, que prestava serviços a uma universidade privada do Paraná, sediada na cidade de Curitiba. Também se estudiou a opinião — por meio de questionário online — de acadêmicas/os, professoras/es e trabalhadoras/es administrativas/os da universidade, para estabelecer comparação entre a percepção dos dois grupos sobre a invisibilidade social. Este estudo contribui com a análise sobre o processo de exploração da força de trabalho e os fatores que geram a invisibilidade social no trabalho de higienização. Os principais resultados da pesquisa sinalizam que algumas categorias de trabalho são socialmente discriminadas, tornando-se vítimas da naturalização da exploração da força de trabalho.

Palavras-chave: Mundo do trabalho. Terceirização. Invisibilidade social.

Abstract

This article aims to propose a reflection on the social invisibility of those who work in hygiene activities. Theoretical production was based on the concept of labor as a commodity in the capitalist system, as well as on the process of outsourcing labor. The process of devaluation, stigmatization, subordination and objectification of this category of workers was identified, which are determining factors for carrying out this study. A field research was carried out through interviews with hygiene workers from an outsourced company, which provided services to a private university in Paraná, based in the city of Curitiba. The opinion was also studied — through an online questionnaire — of academics, professors and administrative workers at the university, to establish a comparison between the perception of the two groups about social invisibility. This study contributes to the analysis of the process of exploiting the workforce and the factors that generate social invisibility in hygiene work. The main results of the research indicate that some categories of work are socially discriminated, becoming victims of the naturalization of the exploitation of the workforce.

Keywords: World of work. Outsourcing. Social invisibility.

Resumen

Este artículo tiene la finalidad de proponer una reflexión sobre la invisibilidad social de quienes trabajan en labores de higienización. La producción teórica se apoya en el concepto del trabajo como mercancía en el sistema capitalista, así como en la tercerización del trabajo. Se conoce el proceso de devaluación, estigmatización, subalternización y cosificación de esa categoría de trabajadores, factores determinantes para la concreción de este estudio. Se realizó una investigación de campo, por medio de entrevistas con trabajadores de la higienización de una empresa tercerizada que prestaba servicios a una universidad privada de Paraná, con sede en Curitiba. También se estudió la opinión — por medio de un cuestionario online — de académicos, profesores y trabajadores administrativos de la universidad, para establecer una comparación entre la percepción de los dos grupos sobre la invisibilidad social. Este estudio contribuye con el análisis del proceso de explotación de la fuerza de trabajo y los factores que producen la invisibilidad social en el trabajo de higienización. Los principales resultados de la investigación indican que algunas categorías de trabajo son socialmente discriminadas y se vuelven víctimas de la naturalización de la explotación de la fuerza de trabajo.

Palabras-clave: Mundo del trabajo. Tercerización. Invisibilidad social.

Biografia do Autor

Marcos Antonio Klazura

Mestre em Direitos Humanos e Políticas Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (2020). Especialista em Gestão Pública - Assistência Social (SUAS) pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG (2019). Bacharel em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (2017). Professor do curso de Serviço Social no Centro Universitário Internacional - UNINTER. Assistente Social no Marista Escola Social Curitiba

Solange Fernandes

Possui graduação em Serviço Social pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba (1992), mestrado em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2001) e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). É professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Referências

ANTUNES, Ricardo L. C.; SANT'ANNA, Vanya. O que é sindicalismo. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1980. 95 p.

ANTUNES, Ricardo. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, Pablo; FRIGOTO, Gaudêncio. A cidadania negada. São Paulo: Cortez, 2001.

ANTUNES, Ricardo; DRUCK, Graça. A terceirização como regra? Revista TST, Brasília, v. 79, n. 4, p. 214-231, out/dez. 2013.

ANTUNES, Ricardo; DRUCK, Graça. A epidemia da terceirização. In: ANTUNES, Ricardo (org.). Riqueza e miséria do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2014. v. 3, p. 13-24.

ANTUNES, Ricardo; PRAUN, Luci. A sociedade dos adoecimentos no trabalho. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 123, p. 407-427, jul/set. 2015.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; Trabalhar pra quê? In: KUPSTAS, Marcia.

Trabalho em debate. São Paulo: Moderna, 1997. cap. 1, p. 21-37.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

Introdução à filosofia. 4. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009. 479 p.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Brasília: Câmara dos deputados, 1990.Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8069-13-julho-1990-372211-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 13 set. 2016.

BRASIL. Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017. Altera dispositivos da Lei n o 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas e dá outras providências; e dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros. Brasília: Presid~encia da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13429.htm. Acesso em: 13 set. 2016.

CATANI, Afrânio Mendes; GENNARI, Adilson Marques. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989, 2011. 117 p. (Coleção Primeiros Passos, 4).

CHAUÍ, Marilena. Ética e violência. In: Colóquio e interlocuções com Marilena Chauí. Londrina, mar. 1998.

COSTA, F. B. da. Moisés e Nilce: retratos biográficos de dois garis. Um estudo de psicologia social a partir de observação participante e entrevistas. 2008. 403 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

CUT. Terceirização e desenvolvimento: uma conta que não fecha. Dossiê sobre o impacto da terceirização sobre os trabalhadores e propostas para garantir a igualdade de dreitos. São Paulo: Central Única dos Trabalhadores, 2014. Disponível em:https://www.cut.org.br/system/uploads/ck/files/dossie-terceirizacao-e-desenvolvimento.pdf. Acesso em: 18 jul. 2016.

FALEIROS, Vicente de Paula; FALEIROS, Eva Teresinha Silveira. Escola que protege: enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. 2. ed. Brasília: UNESCO, 2008. 64 p. (Coleção Educação para Todos). ISBN 978-85-60731-56-5.

FUSER, Bruno; Desemprego e subemprego: o mercado informal de trabalho. In: KUPSTAS, Marcia. Trabalho em debate. São Paulo: Moderna, 1997. Cap. 6, p.103-117

IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 495 p.

LAZZARESCHI, Noêmia. Trabalho ou emprego? São Paulo: Paulus, 2007. 93 p.

LOURENÇO, Edvânia Ângela de Souza. Terceirização: a derruição de direitos e a destruição da saúde dos trabalhadores. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 123, p. 447-475, jul/set. 2015.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 1.

MELO, A. I. S. C.; ALMEIDA, G. E. S.; MATTOS, U. A. de O. Na corda bamba do trabalho precarizado: a terceirização e a saúde dos trabalhadores. In: MOTA, Ana Elizabete. A nova fábrica de consensos: ensaios sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e as demandas ao Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1998. cap. 8, p.195-215.

MELO, Hildete Pereira de; ROCHA, Frederico Rocha; FERRAZ, Galeno; DI SABBATO, Alberto; DWECK, Ruth. O setor serviços no Brasil: uma visão global — 1985/95. Rio de Janeiro: IPEA, 1998. (Texto para Discussão, 549). ISSN 1415-4765

MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, classe e movimento social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 384 p. (Biblioteca Básica de Serviço Social, 5).

NEVES, Magda de Almeida. Cadeia automotiva: flexibilidade, precarização e relações de gênero. Trabalho e Educação, Revista do NETE/ UFMG, Belo Horizonte, n. 8, p. 90-110, jan/jul. 2001.

OLIVEIRA, Carlos Roberto de. História do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995. 94 p.

PAULILO, M. A. S. AIDS: os sentidos do risco. São Paulo: Veras Editora, 1999.

POCHMANN, Marcio. Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012.

Downloads

Publicado

2020-11-16

Como Citar

KLAZURA, M. A.; FERNANDES, S. A vida como ela é: um estudo sobre o processo da invisibilidade social no trabalho das trabalhadoras e dos trabalhadores da higienização. Humanidades em Perspectivas, [S. l.], v. 2, n. 5, 2020. Disponível em: https://revistasuninter.com/revista-humanidades/index.php/revista-humanidades/article/view/97. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos