O racismo estrutural no enquadramento noticioso do jornal O Globo Online

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Resumo

O que Rafael Braga e Gustavo Nobre têm em comum? São moradores do Rio de Janeiro, jovens e negros. Rafael, catador de latas, foi o único condenado no contexto das manifestações que eclodiram em 2013 — mesmo sem ter participado delas — por portar recipientes com desinfetantes, aos quais foi atribuído potencial incendiário. Cumpriu prisão em regime fechado, durante o qual contraiu tuberculose e hoje segue em prisão domiciliar. Já Gustavo, também negro, é produtor cultural, ficou 363 dias preso por um crime para o qual apresentou álibi. Eles não são exceção. Somam-se a muitos outros jovens negros, algumas vezes pobres e periféricos, presos injustamente, vítimas do racismo estrutural que permeia a nossa sociedade, mas se tornaram emblemáticos para mostrar como a justiça brasileira (não) funciona para pobres e pretos na medida em que seus casos mobilizaram o noticiário, estimulando campanhas que questionavam a competência do sistema penal e o fato de a sociedade brasileira, caracterizada pela enorme miscigenação, não se assumir como racista. Como importante fator na construção da opinião pública, a mídia hegemônica tem critérios próprios para definir o que ganha ou não status de notícia e, sobretudo, sob qual enquadramento um acontecimento será narrado. Essa pesquisa parte da cobertura do caso Rafael Braga veiculada na versão online de O Globo. Busca-se, através do estudo do enquadramento noticioso, perceber os pontos do contato e de afastamento entre os casos de Rafael e de Gustavo, apontando como o racismo estrutural perpassa as narrativas midiáticas nem sempre para estimular o debate.

Palavras-chave: racismo estrutural; newsmaking; enquadramento noticioso; Rafael Braga; Gustavo Nobre.

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Biografia do Autor

Soraya Venegas Ferreira, UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Jornalista, professora Titular e Coordenadora do Curso de Jornalismo da Universidade Estacio de Sá, campus Niterói. Possui Pós-doutorado em Teorias do Jornalismo pelo PPGCom da Universidade Federal Fluminense (2010), doutorado (2002) e mestrado (1996) em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora do Programa Pesquisa Produtividade da Universidade Estácio de Sá. Avaliadora de cursos do Ministério da Educação (MEC-INEP) na área de Comunicação e Artes. Associada da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), onde integra a RETIJ (Rede de Estudos sobre Trabalho e Identidade jornalística) e Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), onde é filiada ao GP de Teorias do Jornalismo.

 

Samara Oliveira dos Santos, Universidade Estácio de Sá

Jornalista, graduada pela Universidade Estácio de Sá, campus Niterói. Freelancer no Jornal O Estado de São Paulo e Jornal Meia Hora. Assessora de Imprensa de vereador do município de São Gonçalo e Social Mídia de deputada estadual do Rio de Janeiro. Colaboradora de movimentos sociais como Nós por Nós – Por mais Direitos e Menos Desigualdades Sociais e Lapidando com Amor, além do Centro Comunitário do Jardim Catarina (CCJC).

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Publicado

03-11-2023

Como Citar

VENEGAS FERREIRA, S.; OLIVEIRA DOS SANTOS, S. O racismo estrutural no enquadramento noticioso do jornal O Globo Online. Revista UNINTER de Comunicação, [S. l.], v. 11, n. 18, p. 46–67, 2023. Disponível em: https://revistasuninter.com/revistacomunicacao/index.php/revista/article/view/899. Acesso em: 3 dez. 2024.