Levantamento de jardins botânicos brasileiros e diagnóstico de práticas ligadas à conservação de abelhas sem ferrão

Autores

  • Sabrina Silva Alves do Carmo
  • Ariane Flávia do Nascimento
  • Ricardo Sousa Cavalcanti

DOI:

https://doi.org/10.22292/mas.v13i26.1147

Resumo

Jardins botânicos são instituições comprometidas com a conservação ambiental, a pesquisa científica e a educação ambiental. Tais vocações são inerentemente focadas na flora, mas também podem colaborar com a proteção de outros grupos da biodiversidade. É o caso das abelhas sem ferrão (ASF), principal grupo de polinizadores da flora brasileira. Considerando que essa é uma vocação secundária dos jardins botânicos e em uma tentativa de compreender de quais formas tal vocação pode ser explorada, a presente pesquisa realizou um diagnóstico das principais práticas com foco em abelhas sem ferrão que são executadas por jardins botânicos brasileiros na atualidade. O diagnóstico revelou que há 50 jardins em funcionamento no Brasil atualmente, sendo que a maior parte deles se encontra na região litorânea, nos estados do Sudeste e no domínio da mata Atlântica. Dentre os 28 jardins que participaram, 71% declararam já realizar alguma ação com ASF. A maioria possui levantamento das abelhas sem ferrão que ocorrem dentro do jardim (67%) e oferta atividades educativas sobre essas abelhas (53%). Há 23 jardins com meliponários educativos em funcionamento. Por outro lado, verificou-se que os jardins precisam avançar em outras práticas, por exemplo, 78% não investem na capacitação de equipe para o tema; 78% não possui critérios de aplicação de produtos fitossanitários com vistas a proteção de ASF e 67% não estão envolvidos com projetos de conservação de abelhas locais. O presente diagnóstico é útil para embasar novas ações em jardins botânicos em favor da conservação de abelhas sem ferrão em curto, médio e longo prazo.

Palavras-chave: meliponini; conservação da biodiversidade; polinizadores.

Abstract

Botanical gardens are institutions dedicated to the promotion of environmental conservation, scientific research, and environmental education. Such vocations are inherently focused on flora, but they can also engage in collaborative efforts to protect other biodiversity groups. This is exemplified by the case of stingless bees (ASF), which are the primary pollinator group in the Brazilian flora. Although this is a secondary vocation of botanical gardens, this research sought to determine the extent to which such a vocation can be exploited. To this end, a diagnosis was made of the main practices currently conducted by Brazilian botanical gardens regarding stingless bees. The diagnosis revealed that there are currently 50 operational gardens in Brazil, the majority of which are located in the coastal region, as well as in the states of the Southeast and the Atlantic Forest. Of the 28 gardens that participated in the study, 71% reported that they had already taken some action in response to the presence of ASF. Most respondents (67%) reported having conducted a survey of stingless bees in their garden, and 53% reported offering educational activities about these bees. Twenty-three gardens have established meliponary educational activities. Conversely, it was noted that there is a need for progress in other practices. For example, 78% of the gardens did not invest in staff training on the subject, 78% lacked criteria for the use of phytosanitary products to protect against ASF, and 67% were not involved in local bee conservation projects. This diagnosis provides a basis for the development of new initiatives in botanical gardens to promote the conservation of stingless bees in the short, medium and long term.

Keywords: meliponini; biodiversity conservation; pollinators.

Resumen

Jardines botánicos son instituciones comprometidas con la conservación ambiental, investigación científica y educación ambiental. Esas convocaciones son inherentemente enfocadas en la flora, pero también pueden colaborar con la protección de otros grupos de la biodiversidad. Es el caso de las abejas sin aguijón (ASF), grupo principal de polinizadores de la flora brasileña. Considerando que se trata una convocación secundaria de los jardines botánicos y en un intento de comprender cuáles formas dicha convocación puede ser explorada, la presente investigación realizó un diagnóstico de las principales prácticas con un enfoque en abejas sin aguijón que son efectuadas por jardines botánicos brasileños en la actualidad. El diagnóstico ha revelado que hay 50 jardines en funcionamiento en Brasil actualmente, siendo que la mayor parte de ellos se encuentran en región del litoral, en los estados del Sudeste, y en el dominio de la mata Atlántica. Entre los 28 jardines participantes, el 71% declara ya realizar alguna acción con ASF. La mayoría posee una encuesta de las abejas sin aguijón que ocurren dentro del jardín (67%) y ofrece actividades educativas sobre esas abejas (53%). Hay 23 jardines con apiarios educativos en funcionamiento. Por otro lado, se verificó que los jardines necesitan avanzar en otras prácticas, por ejemplo, 78% no invierten en la capacitación del equipo para la temática; 78% no posee criterios de aplicación de productos fitosanitarios con vistas a la protección de ASF y 67% no está involucrado en proyectos de conservación de abejas locales. El presente diagnóstico es útil para basar nuevas acciones en jardines botánicos favorables a la conservación de abejas sin aguijón en corto, medio y largo plazo.

Palabras clave: meliponini; conservación de la biodiversidad; polinizadores.

Biografia do Autor

Sabrina Silva Alves do Carmo

Mestrado Profissional em Sustentabilidade e Tecnologias Ambientais, Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9296-1113.

Ariane Flávia do Nascimento

Doutora em Nutrição e Produção de Animais Não Ruminantes/Reprodução de Peixes, Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4704-5540. 

Ricardo Sousa Cavalcanti

Pós-doutor em Agronomia/ Entomologia Agrícola, Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7348-8946.

Referências

BRASIL. Resolução Conama n.º 339, de 25 de setembro de 2003. Diário oficial da união: seção 1, Brasília, DF, v. 140, n. 213, p. 60-61, 26 set. 2003. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/720281/pg-60-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-03-11-2003/pdfView. Acesso em: 10 abr. 2023.

BRASIL. Biomas e Sistema Costeiro-Marinho. IBGE, Brasília, DF, v. 45, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/biomas/#/home/. Acesso em: 10 fev. 2023.

SANTOS, C. F. et al. Diversidade de abelhas sem ferrão e seu uso como recurso natural no Brasil: permissões e restrições legais consorciadas a políticas públicas. Revista Brasileira de Meio Ambiente, v. 9, n. 2, p. 02-22, 2021. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5550763. Disponível em: https://revistabrasileirademeioambiente.com/index.php/RVBMA/article/view/701. Acesso em: 17 de janeiro de 2023.

LORENZON, M. C.; MORADO, C. N. (eds). A abelha Jataí: flora visitada na Mata Atlântica. Rio de Janeiro: Letras e Versos, 2014. Disponível em: https://eventos.ufrrj.br/abelhas2018/files/2018/07/Aabelhajata%C3%AD.compressed.pdf.

PEREIRA, T. S.; COSTA, M. L. N.; JACKSON, P. W. Plano de ação para os jardins botânicos brasileiros. Rio de Janeiro: Rede Brasileira de jardins botânicos, 2004.

SMITH, P.; HARVEY-BROWN, I. BGCI: Revisión Técnica: Definición de un jardín botánico y cómo medir el funcionamiento y la géstion. Botanic Gardens Conservation International, Richmond, Richmond, Surrey, 2017. Disponível em: https://www.bgci.org/resources/bgci-tools-and-resources/bgci-technical-reviews/. Acesso em: 26 mai. 2024.

VILELLA-ARNIZAUT, I. B.; ROEDER, D. V.; FENSTER, C. B. Use of botanical gardens as arks for conserving pollinators and plant-pollinator interactions: A case study from the United States Northern Great Plains. Journal of Pollination Ecology, [S. l.], v. 31, p. 53-69, 2022. DOI: 10.26786/1920-7603(2022)645. Disponível em: https://pollinationecology.org/index.php/jpe/article/view/645. Acesso em: 10 fev. 2023.

Downloads

Publicado

2024-08-09

Como Citar

CARMO, S. S. A. do; NASCIMENTO, A. F. do; CAVALCANTI, R. S. Levantamento de jardins botânicos brasileiros e diagnóstico de práticas ligadas à conservação de abelhas sem ferrão. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, [S. l.], v. 13, n. 26, p. 90–105, 2024. DOI: 10.22292/mas.v13i26.1147. Disponível em: https://revistasuninter.com/revistameioambiente/index.php/meioAmbiente/article/view/1147. Acesso em: 25 out. 2024.

Edição

Seção

Artigo