Avaliação nas histórias em quadrinhos: provocações de Armadinho e Mafalda
DOI:
https://doi.org/10.22169/revint.v15i36.1948Resumo
RESUMO
Este estudo discute dois conceitos relacionados à Avaliação — avaliar e examinar —, a partir da análise exploratória de histórias em quadrinhos (HQ). Enquanto avaliar está vinculada às ações de acompanhamento e de mediação e comprometida com as aprendizagens, o conceito de examinar se refere aos atos pontuais de verificação e constatação de “verdades” em termos de aprendizagem. Este gênero textual funciona como sátira aos acontecimentos cotidianos e permite uma análise crítica sobre temáticas, situações e eventos. Deste modo, a partir de uma pesquisa exploratória, elencamos alguns quadrinhos com os personagens Armandinho e Mafalda, a fim de analisarmos a prevalência do ato de avaliar ou de examinar, associados a elementos como: seleção, mensuração, treinamento, repetição, memorização, notas escolares, juízos de valor, processo e critérios de avaliação. Em suma, foi possível concluir que a análise da Avaliação, a partir de HQ, contribui para: convidar educadores/as à reflexão sobre as possíveis mudanças no ato avaliativo, de modo a evitar a repetição de práticas tradicionais de Avaliação focadas em exames, notas e resultados; “comprovar” algumas práticas examinatórias; tensionar o ato avaliativo como lupa sobre a própria prática, ao enfatizar a possibilidade de aprendizagem da Avaliação. As HQ apresentam potencial para discussão, problematização, confrontação e criticidade de uma realidade e podem ser utilizadas com diversos públicos e finalidades, inclusive para discutir concepções, construir conceitos e fomentarmos a aprendizagem da Avaliação.
Palavras-chave: Avaliação para aprendizagem; Educação; Histórias em quadrinhos.
ABSTRACT
This study aims to discuss two concepts related to Evaluation — to evaluate and to examine —, from the exploratory analysis of comics. While evaluating is linked to monitoring and mediation actions and is committed to learning, the concept of examining refers to specific acts of verification and verification of “truths” in terms of learning. This textual genre works as satires to events and allows a critical analysis of themes, situations, and everyday events. Thus, from an exploratory research, we list some comics with the characters Armandinho and Mafalda, in order to analyze the prevalence of the act of evaluating or examining, associated with elements such as selection, measurement, training, repetition, memorization, school grades, value judgments, process and evaluation criteria. In summary, it was possible to conclude that the analysis of the Evaluation, from comics, contributes to: invite educators to reflect on the possible changes in the evaluation act, in order to avoid the repetition of traditional Evaluation practices focused on exams, notes and results; “prove” some examining practices; tense the evaluative act as a magnifying glass over the practice itself, shedding light on the possibility of learning the Assessment. The comics have the potential for discussion, problematization, confrontation and criticism of a reality and can be used with different audiences and purposes, including to discuss concepts, build concepts and promote the learning of Evaluation.
Keywords: Learning assessment; Education; Comics.
RESUMEN
Este estudio discute dos conceptos relacionados con la evaluación ― evaluar y examinar ―, a partir del análisis exploratorio de historietas. Mientras evaluar está vinculado a las acciones de seguimiento y de mediación y comprometido con los aprendizajes, el concepto de examinar se refiere a actos puntuales de verificación y constatación de “verdades” en términos de aprendizaje. El género textual historieta funciona como sátira a los acontecimientos cotidianos y permite un análisis crítico sobre temáticas, situaciones y eventos. De esa manera, a partir de una investigación exploratoria, seleccionamos algunas tiritas con los personajes Armandinho y Mafalda, con el fin de analizar el predominio del acto de evaluar o examinar, asociados a elementos como: selección, medición, entrenamiento, repetición, memorización, calificaciones escolares, juicios de valor, proceso y criterios de evaluación. En síntesis, fue posible concluir que el análisis de la evaluación a partir de los cómics contribuye para invitar a los educadores a una reflexión sobre posibles cambios en el acto de evaluar, de forma a evitar la repetición de prácticas tradicionales de evaluación dirigidas a exámenes, notas y resultados; “comprobar” algunas prácticas de examen; presionar el acto de evaluación como una especie de lupa sobre su propia práctica, al enfatizar la posibilidad de aprender sobre la evaluación. Las historietas tienen potencial para discusión, problematización, confrontación y crítica de una realidad y pueden ser utilizadas con diversos públicos y finalidades, incluso para discutir concepciones, construir conceptos y estimular el aprendizaje de la evaluación.
Palabras-clave: Evaluación para el aprendizaje; Educación; Historietas.
Downloads
Referências
AUSUBEL, David. Educational psychology: a cognitive view. Nova York: Holt, Rinehart, and Winston, 1968.
BECK, Alexandre. Armandinho e a construção do conhecimento. 2014. Disponível em: https://www.facebook.com/tirasarmandinho/. Acesso em: 12 abr. 2020.
BECK, Alexandre. Armandinho e as notas escolares. 2019. Disponível em: https://www.facebook.com/tirasarmandinho/. Acesso em: 12 abr. 2020.
CARVALHO, Beatriz Sequeira de. O processo de legitimação cultural das histórias em quadrinhos. 2017. Dissertação (Mestrado em Interfaces Sociais da Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
doi:10.11606/D.27.2017.tde-31102017-123128. Acesso em: 08 jul. 2020.
ESTEBAN, Maria Teresa. O que sabe quem erra: reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. 4.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
ESTEBAN, Maria Teresa. Ser professora: avaliar e ser avaliada. In: ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Escola, currículo e avaliação. São Paulo: Cortez, 2003. p. 13-36.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org.). O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Ática, 1991.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. O jogo do contrário em avaliação. 9 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2014.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Sobre notas escolares: distorções e possibilidades. São Paulo: Cortez, 2014.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação em Educação: questões epistemológicas e práticas. Salvador: Cortez, 2018.
MARINO, Daniela dos Santos Domingues. A Crítica Política e Social nas tiras de Armandinho: um retrato da atualidade brasileira. 2018. Disponível em: https://minasnerds.com.br/2018/11/28/armandinho-e-a-censura-estamos-com-voce-menino/?fbclid=IwAR2zcoCkjFaXhBm404qGtL8c-Qwmq-pdjVwYePQM3xLENJRc22uvHSnYFvY. Acesso em: 14 abr. 2020.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
PIOVESAN, Armando; TEMPORINI, Edméa Rita. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Revista Saúde Pública, n. 29, v.4, 1995, p.318-325. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n4/10.pdf. Acesso em: 12 abr. 2020.
QUINO. Mafalda e “o óbvio”. Clube da Mafalda, [s.l.], 22 jul. 2014. Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com/. Acesso em: 12 abr. 2020.
QUINO. Mafalda e a ideia de medida. Brasília: Correio Braziliense, 2018. Disponível em: http://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/desinteresse-geral/. Acesso em: 12 abr. 2020.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009.
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. 9.ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2011.
SAUL, Ana Maria. Avaliação Emancipatória: desafio à teoria e à prática de avaliação e reformulação de currículo. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2010.
VERGUEIRO, Waldomiro de Castro Santos. As histórias em quadrinhos no limiar de novos tempos: em busca de sua legitimação como produto artístico e intelectualmente valorizado. Visualidades: Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual I, Faculdade de Artes Visuais I UFG. Goiânia-GO: UFG, v. 7, n. 1, p. 14 - 41, jan./jun. 2009. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/VISUAL/article/view/18118. Acesso em: 10 jul. 2020.
VERGUEIRO, Waldomiro de Castro Santos; RAMOS, Paulo Eduardo. Quadrinhos na educação: da rejeição à prática. São Paulo, Contexto, 2009.
VERGUEIRO, Waldomiro de Castro Santos; SANTOS, Roberto Elísio dos. Histórias em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. Eccos Revista Científica, São Paulo, n. 27, p. 81-95, jan./abr., 2012. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/index.php?journal=eccos&page=article&op=view&path%5B%5D=3498&path%5B%5D=2269. Acesso em: 08 jul. 2020.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Avaliação na escola. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas (org.). Avaliação formativa: práticas inovadoras. Campinas, SP: Papirus, 2011.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas (org.). Conversas sobre Avaliação. Campinas, SP: Papirus, 2019.
XAVIER, Glayci Kelli Reis da Silva. Histórias em quadrinhos: panorama histórico, características e verbo-visualidade. Darandina Revisteletrônica, v. 10, p. 1-19, 2017. Disponível em: https://www.ufjf.br/darandina/files/2018/01/Artigo-Glayci-Xavier.pdf. Acesso em: 08 jul. 2020.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista são de acordo com a licença CC-BY-ND - Creative Commons ( https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/legalcode)
Esta licença permite que outras pessoas reutilizem o trabalho para qualquer finalidade, inclusive comercialmente; no entanto, não pode ser compartilhado com outras pessoas de forma adaptada e o crédito deve ser fornecido ao autor.
Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista são do autor, com os direitos de primeira publicação para a Revista