Desafios do enfrentamento à violência institucional contra crianças e adolescentes segundo a Lei 13.431/2017

Autores

  • Raiane Chagas da Silva Universidade Estadual de Ponta Grossa
  • Cíntia Bruno Ferreira Garcia Universidade Estadual de Ponta Grossa
  • Paulo Roberto Braga Junior Universidade Estadual de Ponta Grossa

Resumo

Este artigo tem por objetivo refletir sobre um fenômeno pouco discutido pela sociedade: a violência institucional contra crianças e adolescentes no Brasil. Esta forma de violência acontece quando, em decorrência de ação ou omissão do Estado ou de segmentos da sociedade, crianças e adolescentes têm os seus direitos fundamentais violados. No ano de 2019, segundo o relatório do Disque Direitos Humanos (2020), foram registradas 2.434 denúncias de violência institucional contra crianças e adolescentes. Em contrapartida, houve a proposição de uma legislação que, de maneira inédita, trouxe em seu texto o enfrentamento da violência institucional. Trata-se da Lei 13.431/2017. Este artigo é de natureza exploratória, a partir de revisão bibliográfica e pesquisa documental, mediante coleta de dados provenientes da Pesquisa Nacional a Domicílio Contínua — PNAD e do Relatório do Disque Direitos Humanos – Disque 100 (2019), com vistas a ilustrar a discussão proposta neste trabalho.

Palavras-chave: violência institucional; crianças e adolescentes; Lei 13.431/17.

Abstract

This article aims to reflect on a phenomenon poorly discussed by society: institutional violence against children and adolescents in Brazil. This kind of violence occurs when, as a result of action or omission by the State or segments of society, children and adolescents have their fundamental rights violated. In 2019, according to the Disque Direitos Humanos report (2020), 2,434 reports of institutional violence against children and adolescents were registered. Meanwhile, there was the proposition of a legislation that, unprecedentedly, brought in its text the confrontation of institutional violence. This is Law 13.431/2017. This article, exploratory in nature, based itself on literature review and documentary research, by collecting data from the Pesquisa Nacional a Domicílio Contínua — PNAD and the Relatório do Disque Direitos Humanos – Disque 100 (2019), to illustrate the discussion proposed in this paper.

Keywords: institutional violence; children and adolescents; Law 13.431/17.

Resumen

Este artículo tiene el propósito de reflexionar sobre un fenómeno poco discutido por la sociedad: la violencia institucional contra niños y adolescentes en Brasil. Esta forma de violencia sucede cuando, por acción u omisión del Estado o de segmentos de la sociedad, niños y adolescentes tienen sus derechos fundamentales violados. En el año 2019, según el informe de Disque Direitos Humanos (2020), se registraron 2.434 denuncias de violencia institucional contra niños y adolescentes. En contrapartida, se presentó la propuesta de una ley que, de forma inédita, dispuso en su texto el enfrentamiento contra la violencia institucional.  Se trata de la Ley 13.431/2017. Este artículo es de naturaleza exploratoria, a partir de revisión bibliográfica e investigación documental, por medio de recolección de datos provenientes de la Pesquisa Nacional de Domicílio Contínua – PNAD y del informe del Disque Direitos Humanos – Disque 100 (2019), con el objetivo de ilustrar la discusión propuesta en este trabajo.

Palabras-clave: violencia institucional; niños y adolescentes; Ley 13.431/17.

Biografia do Autor

Raiane Chagas da Silva, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Aluna regular na Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Sociais do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Cíntia Bruno Ferreira Garcia, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Aluna regular na Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Sociais do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Paulo Roberto Braga Junior, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Aluno regular na Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Sociais do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Referências

ABRAMO, H. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P. P. M. Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania; Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 37-73. Disponível em: http://www.uel.br/prograd/gepe/materiais/retratos_juventude_brasileira.pdf. Acesso em: 14 jul. 2022.

AMIN, Andreia Rodrigues. Evolução histórica do Direito da Criança e do Adolescente. In: MACIEL, Katia Regina Ferreira Andrade (org.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos teóricos e práticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

ARROYO, M. G. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis: Vozes, 2014.

AZEVEDO, C. R. S.; AMORIM, T. R. S.; ALBERTO, M. F. P. Adolescência e ato infracional: violência institucional e subjetividade em foco. Psicol. Cienc. prof., Brasília, v. 37, n. 3, p. 579-594, set. 2017. DOI 10.1590/1982-3703003312016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-/98932017000300579&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 jul. 2020.

BOMBARDA, F. Liberdade assistida: pressupostos da legislação brasileira e prática dos orientadores de medida socioeducativa. 2011. 121 f. Dissertação (Mestrado em Educação) — Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2011. Disponível em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90092/bombarda_f_me_rcla.pdf?s equence=1. Acesso em: 07 jul. 2022.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 jul. 2022.

BRASIL. Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 18 jul. 2022.

BRASIL. Lei n.º 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia e direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Brasília, DF, Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13431.htm. Acesso em: 27 jul. 2022.

BRASIL. Decreto n.º 9.603, de 10 de dezembro de 2018. Regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Brasília, DF, Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9603.htm. Acesso em: 27 jul. 2022.

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Sala 609 -Manguinhos - CEP

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Sala 609 -Manguinhos - CEP

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Sala 609 -Manguinhos - CEP

COSSETIN, M.; LARA, A. M. B. O percurso histórico das políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente no Brasil: o período de 1920 a 1979. Revista HISTEDBR on-line, Campinas, v. 16, n. 67, p. 115-128, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8646092. Acesso em: 21 jul. 2022.

COSTA, A. C. G. Socioeducação: estrutura e funcionamento da comunidade educativa. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2006. Disponível em: http://ens.ceag.unb.br/sinase/ens2/images/Biblioteca/Livros_e_Artigos/material_curso_de_formacao_da_ens/Socioeducacao.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 24, p. 40-52, dez. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/zsHS7SvbPxKYmvcX9gwSDty/abstract/?lang=pt. Acesso em: 18 jul. 2022.

DISQUE DIREITOS HUMANOS. Relatório 2019. Brasília: Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, 2020. 60 p. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/16S7edk4ClsZ579ZRU8NxL4IseGxVldOX/view?fbclid=IwAR1CeCqZ4MzZoCqvWZDzUoA_3Aj0TBE8N27AIksVRri3eCuG_ZGzm-U4mTY. Acesso em: 14 jul. 2020.

DOURADO, Ana Lúcia. Atuação de rede intersetorial de políticas públicas para a escuta especializada de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual: um estudo sobre as alternativas construídas pela Rede/Cascavel e pela Rips/Toledo. 2021. 211 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) — Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Toledo, Toledo, 2011.

FALEIROS, Vicente de Paula. Infância e processo político no Brasil. In: RIZZINI, Irene; PILLOTTI, Francisco (orgs.). A arte de governar crianças. A história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Míni Aurélio: O dicionário da língua portuguesa. 6. ed. Curitiba: Editora Positivo, 2004.

FONSECA, C. Os direitos da criança – Dialogando com o ECA. In: FONSECA, C.; TERTO, V.; ALVES, C. F. (eds.). Antropologia, diversidade e Direitos Humanos. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004. p. 103-115.

FLORES, J. H. A (re)invenção dos direitos humanos. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009.

GALTUNG, J. Violence, peace and peace research. Journal of Peace Research, Oslo, v. 6, n. 3, p. 167-191, set. 1969.

GALTUNG, J. Cultural violence. Journal of Peace Research, Manoa, v. 27, n. 3, p. 291-305, ago. 1990.

GIAQUETO, A. Caminhos para a atenção à infância e adolescência no Brasil: as políticas sociais e as legislações. Revista Ágora: Políticas Públicas e Serviço Social, Rio de Janeiro, v. 2, n. 4, jul. 2006.

HAYECK, C. M. Refletindo sobre a violência. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, Rio Grande – RS, v. 1, n. 1, 2009. Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10353. Acesso em: 22 nov. 2022.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA.). Levantamento nacional de abrigos para crianças e adolescentes da Rede SAC. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Estratégico, 2004.

LIMA, F. S.; VERONESE, J. R. P. Os direitos da criança e do adolescente: a necessária efetivação dos direitos fundamentais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2012.

MICHAUD, Y. A violência. São Paulo: Ática, 2001.

OLIVEIRA, M. R. Violência institucional no sistema socioeducativo: quem se importa? In: FÓRUM PERMANENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DE BELO HORIZONTE (org). Desafios da socioeducação: responsabilização e integração social de adolescentes autores de atos infracionais. Belo Horizonte: CEAF, 2015. p. 27-49.

ONU. Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. 1989. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/convdir_crianca.pdf. Acesso em: 20 nov. 2022.

RUSSO, G. H. A.; DANTAS, J. G. S. Adolescentes, acolhimento institucional e pobreza: três lados de uma mesma equação? Revista O Social em Questão, Rio de Janeiro, ano 19, n. 35, p. 129-148, 2016. Disponível em: http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/OSQ_35_6_Russo_Dantas.pdf . Acesso em: 23 nov. 2022.

SANTOS, B. R.; MAGALHÃES, D. R.; GONÇALVES, I. B. Centros de atendimento integrado a crianças e adolescentes vítimas de violência: boas práticas e recomendações para uma política pública de Estado. São Paulo: Instituto WCF Brasil, 2017. Disponível em: https://www.childhood.org.br/publicacao/centros_de_atendimentos_integrado_boas_praticas.pdf. Acesso em: 17 jul. 2022.

SANTOS, L. E. S.; FERRIANI, M. G. C. A violência institucional em creches e pré-escolas sob a ótica das mães. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 1, p. 45 -50, fev. 2009. DOI 10.1590/S0034-71672009000100007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672009000100007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 23 ago. 2020.

SEPULVEDA, D. V. A violência retratada: a banalização das imagens violentas no jornalismo contemporâneo. 2016. 112 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) — Faculdade Casper Líbero, São Paulo, 2016. Disponível em: https://static.casperlibero.edu.br/uploads/2016/09/DENISE-VILCHE-SEPULVEDA.pdf. Acesso em: 18 jul. 2020.

TOLEDO, L. M.; SABROZA, P. C. (orgs.). Violência: Orientações para profissionais da Atenção Básica de Saúde. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, 2013. (Cadernos de Monitoramento Epidemiológico e Ambiental, 3). Disponível em: http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_469588428.pdf. Acesso em: 17 jul. 2020.

UNICEF/MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Tipos de violência. Crianças e adolescentes. Proteja Brasil, Brasília, 2016. Disponível em: http://www.protejabrasil.com.br/br/. Acesso em: 28 ago. 2022.

CASOS de violência física ou psicológica contra crianças e adolescentes são notificados todos os dias. Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro, 16 dez. 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/233-casos-de-violencia-fisica-ou-psicologica-contra-criancas-e-adolescentes-sao-notificados-todos-os-dias/. Acesso em: 17 jul. 2022.

Downloads

Publicado

2023-01-26

Como Citar

CHAGAS DA SILVA, R.; BRUNO FERREIRA GARCIA, C.; BRAGA JUNIOR, P. R. Desafios do enfrentamento à violência institucional contra crianças e adolescentes segundo a Lei 13.431/2017. Humanidades em Perspectivas, [S. l.], v. 4, n. 9, p. 23–43, 2023. Disponível em: https://revistasuninter.com/revista-humanidades/index.php/revista-humanidades/article/view/191. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)